Por Tamyres Virginia Lopes Silveira – Arquiteta e Urbanista
Nos últimos anos tem estado clara a nossa necessidade de conexões, conexões entre pessoas e com a natureza. No âmbito da arquitetura surgiu o termo Design Biofílico. O termo Biofilia é traduzido como “amor às coisas vivas” do grego antigo (philia = amor a / inclinação a). Criado em 1964, pelo psicólogo Erich Fromm, o termo foi desenvolvido mais tarde, nos anos 80, pelo biólogo Edward O. Wilson. O estudioso Stephen Kellert defende que temos “a necessidade de manter, melhorar e restaurar a experiência benéfica com a natureza no ambiente construído”.
Voltando ao campo do design e pensando que a arquitetura é o cenário das nossas atividades, individuais e de grupo, podemos falar no Design Biofílico. O design biofílico é uma forma inovadora de reconectar o ser humano com a natureza em ambientes construídos, de forma a melhorar nossa saúde e bem-estar. Um design baseado na natureza, que entende que a vida vem dela, e nela temos a sensação de familiaridade e segurança. As formas da natureza são suaves, orgânicas, e suas cores podem ser expressas por aqueles que remetem aos tons terrosos e verdes.
Alguns princípios podem ser elencados nessa proposta de concepção dos ambientes:
1 – Envolvimento contínuo: É necessário o envolvimento com o espaço. Não basta apenas oferecer espaços com plantas ou materiais naturais, mas sim, permitir o uso desses espaços pelas pessoas de forma ativa;
2 – Saúde: Através da ventilação e iluminação naturais, oferecer meios para proporcionar condições para saúde física, mental e bem-estar;
3 – Conexões positivas: Conexões entre pessoas, conexões pessoas-natureza (interior e exterior), oferecer um layout que promover a conexão, a interação. Relacionamentos de qualidade para uma vida feliz;
4 – Soluções ecológicas: Sustentabilidade. Soluções em tecnologia e projeto de arquitetura bioclimática;
5 – Ligação emocional: Promover o senso de pertencimento. Identidade/ familiaridade. Memória coletiva/ História/ Cultura. Atender às diferentes escalas. Atenção às necessidades especiais.
Essa possibilidade de aproximação dos elementos naturais pode oferecer diversos benefícios, e não por acaso vem sendo adotada com estratégia de design em ambientes escolares, de trabalho e até mesmo residenciais.
A imagem 01 apresenta um espaço de trabalho onde os princípios de biofilia foram adotados, entre uso de cores, formas e materiais. O ambiente proporciona um espaço de trabalho mais leve, e estudos já comprovam a melhora do desempenho em locais com essas características, uma vez que proporciona bem estar, mais criatividade e produtividade.
Na imagem 02 vemos um ambiente escolar com aplicação de materiais naturais, vegetação, e muita luz natural, propiciada pela presença de muitas aberturas ao nível do piso, que proporcionam vista do exterior. Restauração mental, melhora de comportamento, foco aprimorado e recuperação mais rápida de sensações estressantes são alguns dos benefícios que os estudos relacionam à aplicação do design biofílico.
Dentre as estratégias que podem ser adotadas no design biofílico podemos citar:
1 – O uso de formas naturais: arcos, abóbadas e cúpulas, padrões botânicos, conchas e espirais, geomorfologia, etc.;
2 – O uso de elementos ambientais: água, ar, ventilação natural, plantas, animais, fogo, geologia e paisagem, etc.;
3 – Relação luz x espaço: luz natural, luz e sombra, luz filtrada e difusa, luz quente, luz como forma, espelhos d´água, etc.;
4 – Uso de padrões naturais: tonalidades padronizadas, espaços delimitados, espaços de transição, fractais, etc.
O ambiente de recepção do Hospital Albert Eisntein, na imagem 03, revela uso de formas circulares e curvas, tecidos de tapetes e mobiliários em tramas, cores verdes e terrosas, uso de madeira no piso e mobiliário, presença de elementos vegetais e abundante iluminação natural.
Na contramão das inovações e alta tecnologia que nos cercam, nossa natureza nos revela a necessidade de buscarmos conexões mais intensas com o meio em que vivemos, essa reconhecimento dos elementos naturais evidencia que, ainda que sejamos os atores transformadores da natureza, é nela que buscamos refúgio e segurança.
Gostou do Post? Aproveite para comentar e compartilhar com seus amigos! Conheça o curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIVIÇOSA, acesse o site e siga nosso Instagram @arquitetura.univicosa. Você também pode aprender mais lendo outros posts do nosso blog.
Quero ser Arquiteto! Quem devo seguir no Instagram?
A Primeira Expressão Arquitetônica Brasileira
Curiosidades e mercado de trabalho: Arquitetura e Urbanismo
Paisagismo: saiba tudo sobre a arquitetura da paisagem!
Os modos de morar e a Arquitetura