Por: Eulália de Lima Gomes*
Para alguns, o cooperativismo é um modelo de negócios, para outros, é uma filosofia de vida, mas ambas as perspectivas estão baseadas em um conjunto de princípios e valores que direcionam a forma de se relacionar em sociedade.
O princípio da dupla natureza é a grande marca do movimento cooperativista. Essa dupla natureza baseia-se em equilibrar o desenvolvimento econômico e social, construindo organizações que se preocupam primeiramente com as pessoas e não somente com o econômico. Além deste princípio geral, existem 7 princípios fundamentais para todas as organizações cooperativas, são eles:
- Adesão livre e voluntária – também conhecido como princípio das portas abertas que significa que qualquer pessoa que tenha interesse comum ao objeto social da cooperativa pode a ela se cooperar;
- Autonomia e independência – que pressupõe que o Estado não pode interferir na gestão interna da organização sendo que as decisões devem ser tomadas por seus cooperados;
- Gestão democrática – cada pessoa tem direito a um voto, sendo a direção da organização decidida em Assembléia Geral Ordinária e toda pessoa cooperada pode votar e ser votado sendo este um direito que requer estar em dia com suas obrigações;
- Participação econômica dos membros – cada cooperado/a deverá integralizar capital social, conforme definição de seu estatuto, podendo ser essa integralização de forma monetária ou serviços, além disso, ao final de cada exercício da cooperativa se houver sobras a Assembléia Geral Ordinária pode deliberar para que as mesmas sejam integralizadas de forma equitativa à participação de cada cooperado/a;
- Educação, formação e informação – a educação cooperativista deve ser pilar para o desenvolvimento de seus/suas cooperado/os sendo extremamente importante investir em qualificação profissional de sua equipe técnica e todos aqueles que estão de alguma forma interagindo com a cooperativa;
- Intercooperação – deve-se sempre buscar construir relações com outras cooperativas no intuito de fortalecer os laços e desenvolver parcerias;
- Interesse pela comunidade – para o cooperativismo é importante pensar também naqueles que estão no entorno da cooperativa prezando sempre pelos interesses de sustentabilidade das pessoas e o meio ambiente.
Os principais valores do cooperativismo são: ajuda mútua, equidade, transparência, responsabilidade, democracia e solidariedade sendo esses preconizados desde os pioneiros deste movimento iniciado na cidade de Rochdale, na França, em 1844 e mantidos nos dias de hoje.
As cooperativas hoje ocupam um lugar importante na economia mundial sendo responsáveis por 250 milhões de empregos, congregando 1 bilhão de pessoas e atuando em 100 países [1]. No Brasil as organizações representativas do Cooperativismo são: a Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB e a União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes)
Para a OCB, atualmente as cooperativas são divididas em 7 ramos: agropecuário; consumo; crédito; infraestrutura; saúde; trabalho produção de bens e serviços; e transporte. Para a Unicafes as cooperativas podem ser divididas em: crédito; produção; transporte; trabalho; comercialização e infraestrutura da agricultura familiar e economia solidária.
São muitas as vantagens de se cooperar, sendo possível alcançar maior poder de contraposição, ou seja, maior poder de negociação seja para compra ou venda de bens e serviços; acessar mercados que individualmente não seria possível; aumento da competitividade; além de ser dono/a do próprio negócio. Porém ainda existem alguns desafios a serem superados, dentre eles pode-se destacar a busca pela igualdade de gênero; a sucessão cooperativa; a igualdade racial principalmente na direção da organização, dentre outros.
Para quem procura um modelo de organização que tem por objetivo construir uma sociedade mais justa e equilibrada, certamente as sociedades cooperativas são uma excelente escolha.
*Por: Eulália de Lima Gomes –
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[1] https://www.ocb.org.br/o-que-e-cooperativismo Acesso em 14/10/2021