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“Nascer é uma possibilidade, viver é um risco. Envelhecer é um privilégio”. Mario Quintana
O envelhecimento populacional é um evento vivenciado em todo mundo, contudo, no Brasil esse fato ocorre de modo bastante rápido e se apresenta desuniforme no tocante as regiões do país. Essa condição é um complicador e confere urgência no atendimento dessa população, que aumenta de forma acelerada, acarretando profundas mudanças nacionais, em termos de demandas da população por saúde, habitação, educação, previdência, cultura, lazer, entre outros.
A habitação é vista como fator fundamental no envelhecimento saudável e ativo. É por meio do ambiente doméstico adequado, seguro e confortável, que a pessoa idosa pode vivenciar uma velhice exitosa. Afinal, a moradia configura uma das necessidades básicas dos indivíduos.
Vale ressaltar que a moradia para as pessoas idosas toma contorno próprio, é o local de maior permanência e muitas vezes, é a habitação que representa a identidade da vida do sujeito social, sendo expressada pelo ícone “casa”. A resposta mais recorrente à pergunta: “onde se deseja morar? ”, feita às pessoas de todas as idades, é, sem dúvida, envelhecer no local onde se vive.
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Nessa perspectiva, compreender a habitação, para além das questões físicas, seria um passo à frente no entendimento da própria vivência da vetustez. É preciso visualizar a casa para além da proteção e da segurança proporcionadas pelas paredes e telhado e, sim, compreender esse lugar como um espaço de afeto e empatia no delongar da vida.
Muitas são as formas de morar na velhice nos tempos contemporâneos: coabitação (moradia compartilhada) com vínculos afetivos ou consanguíneos; condomínios exclusivos; moradias unipessoais; ILPIs (Instituições de longa permanência para idosos); dentre outras. Essas moradias são escolhidas conforme o grau de independência e autonomia, das condições socioeconômicas e culturais de cada indivíduo que vivencia a velhice.
Uma casa digna e adequada é direito de todo cidadão brasileiro, o envelhecimento humano está intimamente associado à casa onde se mora, especialmente no que se refere a ideia de pertencimento, ao conforto e à qualidade de vida. Elementos próprios da moradia repercutem, de maneira singular, na forma de viver e de experenciar a velhice.
*Por: Eleusy Natália Miguel – economista doméstica, arquiteta urbanista e assistente social. Professora no curso de Arquitetura e Urbanismo da Univiçosa em disciplinas das áreas de História, Patrimônio e Plástica. O texto acima foi baseado em sua tese de doutorado (UFV-2021) intitulada: Velhice, habitação e qualidade de vida: análise de políticas e programas sociais no Brasil e em Portugal.
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