Por Liz Valente e Maressa Fonseca
O projeto de extensão curricular “Arquitetura no Silvestre”, realizado pelos estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univiçosa, matriculados na disciplina ARQ 150 – Projeto arquitetônico 1, orientados pelas professoras Liz Valente e Maressa Fonseca, teve início em fevereiro de 2024 e boa parte do projeto se realizou por meio de caminhadas exploratórias pelo Silvestre. A ideia surgiu com o ensejo de ampliar a integração dos estudantes de Arquitetura e Urbanismo com o entorno imediato da Univiçosa, aqui no distrito do Silvestre.
Você já se pegou indo de um lugar para outro sem experimentar seu próprio percurso? Ou, já viveu numa rua e se deu conta de que, dentro de você, ela não era sua? A cidade precisa ser apropriada. As pessoas precisam se sentir pertencentes, precisam que os detalhes sejam delas, só assim haverá chance para espaços mais dignos e bem cuidados.
Durante o projeto foram realizadas diversas caminhadas, conversas com os moradores e troca de experiências em busca de responder duas perguntas: “o quê que tem de bom aqui?” e “o que poderia ser melhor?” Então foram elaborados os conteúdos que estão disponíveis no Instagram (@arqnosilvestre) sempre com esse olhar investigativo sobre o espaço e seu valor histórico e afetivo.
Jane Jacobs (1916-2006) foi uma ativista americana e escritora influente que revolucionou o urbanismo com suas ideias sobre planejamento urbano centrado nas comunidades e na vida das ruas. Em seu famoso livro “Morte e vida de grandes cidades”[1] ela defende que antes de modificar ou intervir em um local, é essencial conhecê-lo profundamente. É preciso descobrir o que as pessoas apreciam ali e o que difere uma rua da outra. Essa compreensão só é possível alcançar por meio da vivência no espaço e da criação de vínculos com os lugares e seus moradores.
Segundo Jacobs, ninguém consegue descobrir o que funcionará para as nossas cidades apenas trabalhando a partir de maquetes em escalas reduzidas e projetos técnicos, é preciso andar e vivenciar a cidade em sua complexidade. “Caminhe e você verá que muitas das suposições das quais os projetos dependem estão visivelmente erradas. (…) O cidadão pode ser o maior especialista nisto; o que é preciso é olhar atento, curiosidade pelas pessoas e disposição para caminhar.”[2] (Jacobs, 1958). O slogan do projeto, “É caminhando que se vê”, reforça a noção de que o ato de andar pelo Silvestre é muito mais do que uma atividade física, mas abrange outras formas de pertencer e se relacionar com o ambiente.
O projeto encerrou o semestre com a Mostra Interativa na Pracinha, realizada no dia 26 de junho de 2024 na praça Ricardo Alves da Silva, com a presença de moradores e passantes. Neste evento, os conteúdos publicados na plataforma digital foram impressos e pendurados em varais, e todos foram incluídos na conversa sobre o Silvestre, suas riquezas e carências. Todos os presentes demonstraram satisfação em receber esta iniciativa e encorajaram a continuidade de ações como esta.
A seguir, veja algumas imagens que registram o desenvolvimento das caminhadas e da Mostra na Pracinha:
Siga a página do Instagram @arqnosilvestre (https://www.instagram.com/arqnosilvestre/) e acompanhe os frutos desse projeto!
[1] JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
[2] Downtown is for people (Fortune Classic, 1958), disponível em < https://fortune.com/2011/09/18/downtown-is-for-people-fortune-classic-1958/> acesso em 03/07/0224.