Nos últimos meses, os episódios de enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul colocaram em xeque questões envolvendo a lógica de ocupação das cidades e sua relação com o meio ambiente.
Conceitos como infraestrutura verde e azul já vinham sendo utilizados para ilustrar formas de planejamento e gestão das cidades que incluem, em seu desenho, as áreas verdes e elementos pluviais (rios, córregos, lagos, entre outros) como possíveis soluções diante de eventos climáticos de grande intensidade.
Neste contexto, as ideias propostas pelos arquitetos e urbanistas, em parcerias com outros profissionais, tal como engenheiros ambientais, têm ampliado este debate e levantado proposições, bem como o conceito de “Cidades-Esponja”.
As cidades-esponja são um conceito de planejamento urbano que visa aumentar a resiliência das cidades às inundações, integrando infraestruturas verdes e azuis para melhorar a absorção de água. Esse conceito envolve a criação e manutenção de espaços verdes, como parques, telhados verdes e jardins, que ajudam a absorver a água da chuva. Além disso, inclui a preservação de corpos d’água naturais e a construção de áreas de retenção de água que permitem a infiltração e armazenamento temporário da água da chuva.
As cidades-esponja também utilizam sistemas de drenagem natural, incorporando materiais permeáveis em calçadas e ruas e sistemas de bio-retenção, como jardins de chuva. O planejamento urbano sustentável é outra característica essencial, evitando a construção em áreas propensas a inundações e promovendo um desenvolvimento que considera a gestão eficiente da água.
Os benefícios das cidades-esponja incluem a redução do escoamento superficial, o armazenamento temporário de água para evitar picos de fluxo que causam enchentes, o recarregamento de aquíferos e a mitigação dos efeitos das ilhas de calor urbanas. Exemplos práticos desse conceito podem ser vistos em lugares como Cingapura, com o Bishan-Ang Mo Kio Park, e na China, que lançou um programa nacional de desenvolvimento de cidades-esponja.
Em resumo, as cidades-esponja oferecem soluções integradas e sustentáveis para prevenir enchentes, melhorar a qualidade de vida urbana e promover um desenvolvimento que enfrenta os desafios das mudanças climáticas e dos problemas ambientais.
A revista ‘Le Monde Diplomatique’ destacou uma reportagem sobre o assunto e levanta questões cruciais para o desenvolvimento futuro das cidades. Convidamos você leitor a acessá-la e também deixar o seu comentário.
Link: https://diplomatique.org.br/cidades-esponja-novos-desafios-planejamento-urbano/