por Gerusa Ribeiro Borges Coelho – Arquiteta
Parques, praças e jardins públicos podem se tornar verdadeiros oásis no tecido urbano, proporcionando ao cidadão espaços de proximidade com a natureza, momentos de relaxamento da rotina diária e locais para encontros sociais e lazer. Porém, para serem espaços verdadeiramente democráticos devem ser projetados e executados para o uso por diversos público como: adultos, crianças, idosos, pessoas com deficiência, etc.
Os projetos paisagísticos de uso público devem prever as possíveis restrições que o espaço pode impor para sua utilização plena, desde restrições sensoriais, psico-cognitivas e físico-motoras, ou seja, propor equipamentos e áreas acessíveis às diferentes necessidades dos indivíduos.
Como exemplo, cita-se uma criança que não consegue sentar-se em determinados bancos devido à altura inadequada do assento em relação à sua estatura. Neste caso, não há deficiência, mas sim uma restrição provocada pelo projeto do banco. Situação contrária pode ocorrer às pessoas com deficiência físico-motora, onde a previsão de um espaço adequado para o posicionamento de cadeiras de rodas ao lado dos bancos, permite sua inclusão no espaço. Apesar da deficiência, o ambiente de estar não restringe a participação do usuário nesta atividade de lazer passivo (ELY, 2006).
A existência de barreiras físicas ou informativas nos espaços públicos, muitas vezes restringem seu uso, ocasionando situações de constrangimento aos usuários. Por sua vez, projetos paisagísticos baseados no conceito de “Desenho Universal”, procuram viabilizar a independência na realização de atividades pelo maior número de indivíduos, considerando a totalidade de suas habilidades e limitações.
Neste sentido, os projetos paisagísticos baseados nessa filosofia consistem em elaborar propostas visando a inclusão e a integração da maior gama de pessoas possível, independente de suas habilidades ou características físicas. Na criação de projetos desta natureza devem ser aplicados os sete princípios do Desenho Universal, sendo eles:
1) Uso equitativo
O desenho de espaços e equipamentos devem ser compreendido por pessoas com habilidades diversas, impedindo sua segregação ou estigmatização.
2) Uso flexível
As diversas preferências e habilidades individuais devem ser consideradas no desenho, independente do número de usuários que se apropriem dos espaços ou equipamentos.
3) Uso simples e intuitivo
os espaços e equipamentos devem ser de fácil compreensão, independente da experiência, conhecimento, habilidades de linguagem ou nível de concentração dos usuários.
4) Informação de fácil percepção
O desenho comunica a informação necessária ao usuário, independente das condições do ambiente ou de suas habilidades.
5) Tolerância ao erro
O desenho minimiza riscos e consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais.
6) Baixo esforço físico
O espaço ou equipamento devem ser eficientes e confortáveis na sua utilização, considerando todas as habilidades dos usuários, ocasionando-lhes o mínimo de fadiga.
7) Dimensão e espaço para aproximação e uso
Os espaços e os equipamentos devem ter dimensões apropriadas para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso, independente do tamanho do corpo do usuário, da postura ou mobilidade.
Diante do exposto, os projetos paisagísticos baseados na filosofia do desenho universal devem explorar soluções centradas nos usuários, cujos espaços busquem atender as suas distintas características físicas e habilidades, objetivando inter-relacionamento de pessoas com características totalmente diversas.
Exatamente pelo próprio conceito de “espaço democrático”, é que as áreas livres devem adequar-se às pessoas com as mais diversas particularidades, tornando-se ambientes acessíveis a qualquer indivíduo, independente de suas deficiências.
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