A pandemia causada pelo novo coronavírus tem como sintomatologia principal a síndrome respiratória aguda que pode causar nos pacientes desde sintomas leves até condições mais graves. Apesar destes serem os mais prevalentes, outros sintomas devem ser evidenciados, tais como distúrbios neurológicos, gastrointestinais e musculoesqueléticos.
Tem-se observado que os casos que evoluem para internação em UTI e necessitam de ventilação mecânica na fase aguda podem apresentar como efeitos colaterais a chamada síndrome pós-cuidados intensivos. Esta pode acometer pessoas de todas as idades e é caracterizada por incapacidade prolongada que pode vir associada com disfunção muscular (fraqueza e encurtamentos), fadiga, dor e dispneia (falta de ar). A imobilidade durante uma internação prolongada poderá trazer também alterações cardiorrespiratórias, alteração postural, tromboembolismo, contraturas e úlceras por pressão, dentre outros.
Considerando-se todos estes possíveis sintomas, é muito importante que o profissional fisioterapeuta esteja presente dentro da equipe de cuidados intensivos para agir ainda no ambiente hospitalar e possibilitar uma recuperação funcional mais rápida e consequentemente, antecipando sua alta.
Além do papel fundamental de assistência nos cuidados do sistema respiratório, com técnicas específicas ventilatórias e de higiene brônquica, somadas ao controle dos melhores parâmetros do ventilador mecânico, sua atuação se estende para o sistema musculoesquelético, realizando exercícios funcionais, mobilizações articulares e mudanças de posições no leito que irão reduzir os déficits decorrentes de uma imobilização prolongada.
Mesmo nos pacientes que não desenvolvem sintomas graves que necessitam de terapia intensiva a COVID-19 pode causar consequências duradouras. Desta forma, a reabilitação fisioterápica muitas vezes se faz necessária quando disfunções musculoesqueléticas persistem após a recuperação da doença.
Nestes casos, o fisioterapeuta muitas vezes se vê limitado de atender estes pacientes devido às medidas de isolamento social que acabam por se tornarem uma condição necessária mas agravante para a continuidade da inatividade física e o sedentarismo que muitas das vezes a pessoa já possuía antes da doença.
Com o objetivo de diminuir tais impactos, os conselhos profissionais da fisioterapia no Brasil liberaram os serviços de teleconsultas e telemonitoramento como recurso para permitir o monitoramento das atividades e atenção não só para os pacientes pós COVID mas aos que possuem qualquer patologia com limitação de suas habilidades funcionais e necessitam de intervenção clínica.
Nesse sentido, estes profissionais da reabilitação têm um papel fundamental neste período de isolamento, ajudando a otimizar a independência funcional e melhorar a qualidade de vida de seus pacientes.
A necessidade de promover o retorno à plena funcionalidade de pacientes curados da COVID-19, bem como a recuperação física da população em isolamento, prometem ser demandas crescentes daqui para frente, que irão reconhecer ainda mais o papel do profissional fisioterapeuta que atuam dentro e fora do ambiente hospitalar que estejam dispostos a se capacitarem e desempenharem com motivação e empatia a melhor reabilitação dos pacientes que surgirão nos serviços de saúde pós pandemia do coronavírus.